quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

O ATOR






O ATOR


Um homem (morador de rua?
Sobrevivente por definição)
deitou-se no meio da avenida
em frente à Câmara Municipal.

O motorista do ônibus freou
a dois passos da cabeça do pobre.
A população suspirou aliviada.

O homem levantou-se,
levou a mão ao chapéu
(que não tinha)

e fez uma vênia demorada e pausadamente
agradecendo os aplausos
(que não vieram).

Alguém quis esganá-lo, alguém
pensou na  polícia (apenas pensou )
e o caso foi esquecido. 

E eu escrevo este poema
para que viva por alguns minutos mais.





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