terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O BODE EXPIATÓRIO




                                     




                                    O BODE EXPIATÓRIO


O bode Galeguinho pagou o pato,
virou bode expiatório
e foi despejado,
coitado. 

Era o guarda da empresa de fachada
do deputado,
agora foi para a rua.
Castigado sem dó nem piedade,

passa o dia amarrado a uma árvore
(de noite vai para a casa da dona Maria
dormir com os cinco filhos dela).
Coitado do bode Galeguinho,

pagou o pato do deputado.
É um bode tão simpático,
não merecia 
essa desfaçatez.

O deputado se empaturra com os milhões
e o Galeguinho,
coitado,
paga o pato amarrado embaixo de uma árvore. 





sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

WLADIMIR HERZOG









WLADIMIR HERZOG


Wladimir Herzog não tinha nada a dizer
a seus algozes.
Recebeu as pancadas uma a uma,
sentiu o seu corpo vergar de dor
até que uma nuvem lhe cobriu olhos
e não sentiu mais nada.
As pancadas continuaram ferozes
contra o seu corpo morto.
Quem teve a ideia de pendurá-lo
numa das barras de ferro da janela
como se tivesse se suicidado?
– Um morto não se suicida.